Idosos

Ao contrário do que a maioria das pessoas pode pensar, porque se cultiva na nossa sociedade que a sexualidade é um “apanágio da juventude”, a entrada numa idade adulta mais avançada não significa colocar a vida sexual de parte.

O envelhecimento é um processo que induz várias mudanças no indivíduo, nomeadamente ao nível físico, mental e social. Estas mudanças tendem a afetar a expressão da sexualidade, na medida em que se torna necessário para o idoso redefinir objetivos, isto é, reconhecer que está numa nova fase do ciclo vital e que, tal como as anteriores, esta fase está associada a determinados “acontecimentos padrão”, assim como de crises de desenvolvimento próprias desta fase.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) adotou o critério do intervalo de idades entre os 60 e os 65 anos para definir as pessoas idosas, o que, na maioria dos países desenvolvidos, corresponde ao início da idade da reforma.

O sexo e a sexualidade fazem parte da vida da pessoa idosa, mesmo que haja uma redução da frequência e da intensidade. Mas se por um lado há diminuição de energia, força e vitalidade, por outro há tendencialmente um aumento do tempo disponível e a diminuição de certas preocupações profissionais.

A sexualidade das pessoas idosas origina diversos mitos, que dominam certas crenças atuais, encimadas pela ideia de que o homem e a mulher mais velhos são sexualmente pouco atraentes e incapazes de se interessarem por sexo. Há inclusive muitas pessoas que consideram as manifestações de eroticidade por parte dos idosos uma indecência.

O processo de envelhecimento implica várias alterações ao nível dos fatores genéticos, neurológicos, hormonais, anatómicos e fisiológicos, que poderão exercer alguma influência na vivência do amor e da sexualidade. Tal não significa que determinem a sua cessação, podendo antes exigir alguma adaptação.

No caso dos homens, surgem as seguintes alterações fisiológicas:  

  • Diminuição da produção de esperma, que se inicia por volta dos 40 anos, mas sem total desaparecimento; 
  • A ereção é mais lenta e necessita de uma maior estimulação, sendo também menos firme; 
  • Menor quantidade de sémen emitido, havendo uma menor necessidade de ejacular e sensações orgásticas menos intensas; 
  • O período refratário alarga-se, ou seja, o tempo entre uma ejaculação e a seguinte prolonga-se. 

Relativamente às mulheres, surgem as seguintes alterações fisiológicas: 

  • Diminui o tamanho da vagina, que também se torna mais estreita e perde elasticidade, o que pode tornar o coito mais doloroso. Porém, a resposta clitoridiana não sofre alterações importantes;
  • Os seios diminuem de tamanho e perdem firmeza; 
  • A lubrificação vaginal diminui em quantidade e é mais lenta; 

No caso das mulheres, as alterações referidas estão associadas a uma diminuição da produção de estrogéneo após a menopausa.

É ainda possível referir outros fatores psicossociais que condicionam a atividade sexual das pessoas idosas: 

  • As relações interpessoais rotineiras, insatisfatórias ou conflituosas diminuem o desejo sexual, o grau de excitação e, progressivamente, as próprias capacidades sexuais; 
  • As dificuldades económicas ou sociais levam à diminuição do interesse e das capacidades sexuais, nomeadamente pela situação de tensão e sensação de marginalização que provocam; 
  • Condições físicas inadequadas, como a obesidade, falta de higiene, fadiga física ou mental, diminuem o desejo, as próprias capacidades e as possibilidades de as pessoas se tornarem atrativas para os outros; 
  • O medo de não ser capaz de ter relações sexuais coitais ou de proporcionar prazer ao parceiro limita a capacidade sexual, devido à ansiedade e insegurança que provoca; 
  • A atitude dos filhos e da sociedade em geral, habitualmente muito críticos em relação à ideia de que os seus pais se possam interessar pelo sexo, leva a que muitas pessoas idosas se culpabilizem e fiquem assim limitadas na sua atividade sexual.

Apesar disto, existem outros fatores que podem influenciar de forma positiva, permitindo às pessoas mais velhas disfrutar de experiências gratificantes do ponto de vista das relações sexuais, e também do ponto de vista dos afetos.

As alterações referidas não ocorrem nem na mesma altura nem da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo e, para alguns, estas mudanças não chegam a ser muito relevantes. 

O modo como cada pessoa vivencia estas alterações é também muito diferente. Algumas encaram-nas como naturais, enquanto outras ficam assustadas e preocupadas, pensando que vão deixar de poder ter relações sexuais.

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